SONATA DE OUTONO
Inverno não ainda Outono
a sonata que bate no meu peito
poeta distraído cão sem dono
até na própria cama em que me deito.
Acordar é a forma de ser sono
o presente o pretérito imperfeito
mesmo eu de mim próprio me abandono
se o rigor que me devo não respeito.
Morro de pé, mas morro devagar.
A vida é afinal o meu lugar
e só acaba quando eu quiser.
Não me deixo ficar. Não pode ser.
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
Pois viver é também acontecer.
José Carlos Ary dos Santos
O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
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