O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

domingo, 5 de julho de 2009

Poema #15

Que magra és
- disse-me –
e então pensei na mulher da foto
nos seus seios grandes
e nos meus, pequenos,
no tamanho da concha que faz um homem com a sua mão
no tamanho da concha que ele fazia com a sua mão
quando me dizia: és tão magra.

(Quando um homem treme ao tocar-te
não te esqueces dele.
Nunca, mesmo que não chegues a amá-lo).

A cama dele estava vazia
porque ela não estava e ele
acampava comigo na intempérie da sala.
Quem dava refúgio a quem
não era claro.

De costas para baixo no colchão
olhando a noite no tecto da sala
com os braços entrecruzados sob o lençol
apalpávamo-nos à procura
de onde fazer o corte mais limpo.

Miriam Reyes (tradução de Pedro Sena-Lino)


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