O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Dia-a-dia #190

Já está on-line a revista "A Sul de Nenhum Norte #10", onde colaborei, podem consultar aqui:
https://www.sugarsync.com/pf/D0137171_062_683330038

sábado, 25 de maio de 2013

Dia-a-dia #189

E depois de uma semana onde estive tão concentrada que me esqueci dos óculos em casa, da chaves de casa na biblioteca, não sei onde param vários livros, mas devem estar aqui perto em casa algures, perdi o cartão do metro, hoje marquei mal três vêzes o código do MB e a máquina comeu-o; quer dizer, eu achava que o número estava correcto, mas já não tenho a certeza de nada

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Dia-a-dia #188

Quando for grande quero ser ASSIM

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Dia-a-dia #187

Hoje quando cheguei à biblioteca reparei que me esqueci dos óculos: os de sol não, ainda os tinha na cabeça, os de ver. Como  era cedo e o Nuno estava sentado ao meu lado, resolvi deixar o computador e a mala e voltar a casa para os ir buscar. Foi um passeio agradável, mas quando cheguei à porta de casa, reparei que no bolso das calças estava a carteira, mas não tinha as chaves. Voltei para a biblioteca e o Nuno a gozar só dizia: isso é poesia invisual. Não vou tão longe, mas as coisas estão desfocadas.

Ilustração #38



















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Eis o país
de há dois mil e duzentos anos
que não sei se agoniza,

os pequenos países hoje são
paisagens na Web
isentas de sinais,

mas sinto a predação,
ameaça tocada pelo vento sul
que traz a chuva e as más novas
e alaga o susto,
muito depois de Galba ter passado
na serra ali defronte.

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Nuno Dempster - "Uma Paisagem na Web". Lisboa: &etc, 2013

Ainda não tenho o livro nas minhas mãos para o qual tive o previlégio de contribuir com a imagem da capa. Em breve estará nas livrarias.
 

 

domingo, 19 de maio de 2013

Leituras #33


“Por estas e por outras, dizia Juromanha que o poeta (Luís de Camões) devia ser excessivamente guloso de galinhas; e «que de uma vez alguns fidalgos com quem tinha amizade, para despertaram a sua musa jocosa, lhe faziam promessa, em troco de versos, de algumas aves desta espécie, fingindo faltar-lhe às vezes com o prometido para lhe arrancar ditos espirituosos e chistosos».“ José Quitério - «Camões e a mesa» in Histórias e Curiosidades Gastronómicas. Lisboa: Assírio & Alvim, 1992.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Poema #113

Com a Inês Ramos no Edita Nómada (11-05-2013) a ler poemas do Rui Costa, aqui fica o que li


A MÚSICA

A música partilha com a flor
a carne que se alaga como um copo.
A música é um rizoma atómico
cheia de sílabas grossas e finas
no peito maduro da onda.

Por isso a onda cai e a flor
também. E se te digo sei que ficas
triste e é quando substituis essa
geração de força por dois pequenos
vasos à entrada do teu dorso (e qual
és tu e qual sou eu é uma haste subindo)

Do teu lado esquerdo é dia.
O vestido é branco e aponta
a cidade a que chegas com os
dedos, rodando os ombros mas
não a cabeça. O teu olhar
é uma ferida musical sem verbo fixo:
 a penumbra bate às vezes na
pálpebra, outras na imaginação.

A queda gera o seu próprio
impulso, como se fosse o preen-
chimento de uma forma: chama-se amor
e serve para os ouvintes ouvirem o esbracejar
do desejo, esses versos de asa silenciosa-
ouves?

Há poetas azuis que julgam que a
coerência é um pardal azul (da goela
até aos pés). Normalmente limpam os óculos
com coerência, em vez de com (efim)
e depois veêm o mesmo pardal, a todas
as horas do dia e da noite, sentado azul-
mente sobre o seu nariz.

Rui Costa - "O pequeno-almoço de Carla Bruni". Huelva: Ayuntamiento Punta Umbría, Colección Palavra Ibérica, 2008.

domingo, 12 de maio de 2013

Dia-a-dia #186

Sonhei que a água corria desenfrida nas calçadas da cidade branca das muralhas e que a origem estava num ribeiro no tôpo da rua D. Isabel. A água descia furiosa rua abaixo e continuava a correr em direcção ao aqueduto, passando pela casa de uma amiga de infância, onde no passado muitas vezes a visitei. Quando acordei consegui ver os flashes da água a correr, eram imagens extraordinárias e foram muitas as associações que lhes fiz. Na realidade, não existe nenhum ribeiro no tôpo da rua D. Isabel, mas ver as arcadas da rua com a furia das águas foi qualquer coisa. Lembrei-me depois que a minha amiga me contou que a casa do aqueduto vai entrar em obras, porque o irmão vai para lá viver. Vou-lhe telefonar.

sábado, 11 de maio de 2013

Poema #112

o mundo vive sem dares por isso

podes ter os dedos dentro do prato da sopa
ou a camisa rota
sem ser de propósito

quando as coisas que te rodeiam
estiverem sujas não pares para as limpar

mas pára
quando alguém te pedir ajuda
ou quando tu próprio quiseres
dizer que tal como tu
os outros também vivem no mesmo mundo

deixa que os outros também te abram a porta

m.parissy - "pólen". Nazaré: volta d'mar, 2011.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Poema #111

NÃO SE MORRE DE VERDADE


Margarida Vale de Gato

 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Leituras #32

 

Pedro Barbosa - "O Guardador de Retretes" (4ª edição muito revista, pouco aumentada). Porto: Edições Afrontamento, 2007.

Poema #110

INTERROGAÇÃO

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do «Cântico dos cânticos».

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Camilo Pessanha