O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Dia-a-dia #230

Preparava-me para dormir a sesta na varanda da BN, hábito recente que me sabe bem após o almoço até que passe um avião dos que entra directamente nos sonhos, mas estava uma mulher aos berros com o Tó Zé no telemóvel, deveria ser o ex-marido, aquilo é pior que os aviões, faz mal à saúde e deveria de ser proibido. Fui beber um café BN que por sinal é pior que o café espanhol.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Dia-a-dia #229

A desterrada a lembrar-se das palavras de um homem da montanha: “Será talvez alucinação do poeta. Mas porque nela (Évora) se documenta inteiramente a génese do que somos, o que temos de lusitanos, de latinos, de árabes e de cristãos, e se encontra registado dentro dos seus muros o caminho saibroso da nossa cultura, – se estivesse nas minhas mãos, obrigava todo o português a fazer uma quarentena ali. Uma lei pública devia forçá-lo a entrar na cidade a desoras, numa noite de lu...ar. E, sem guia, mandá-lo deambular ao acaso. Seria um filme maravilhoso da história pátria que se lhe faria ver, com grandes planos, ângulos imprevistos, sombras e sobreposições. Uma retrospectiva do que fizemos de melhor e mais puro no intelectual, no politico e no artístico. Só de manhã seria dado ao peregrino confirmar com a luz do sol a luz do écran. E se ao cabo da prova não tivesse sentido que num templo de colunas coríntias se pode acreditar em Diana, numa Sé românica se pode acreditar em Cristo, e num varandim de mármore se pode acreditar no amor, seria desterrado.” In Miguel Torga – “Portugal”, Edição do autor, Coimbra 1957, p-124-126.