O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Leituras #23

18

Era uma vez uma cidade habitada por palavras em que cada uma vivia em sua casa com as portas fechadas mas constantemente se visitavam ou então saíam para a rua e passeando cruzavam-se com outras palavras e saudavam-se mas com o crescimento progressivo da cidade as palavras quando saíam para a rua começavam a chorar umas com as outras e chocando-se retiravam-se encolerizadas e regressavam a casa mas já não regressavam como haviam saído e dentro de casa aumentavam por um efeito de cólera morosa e lembrando sempre as outras palavras começavam crescendo dentro de suas casas e da próxima vez saíam para a rua já iam transformadas e quando encontravam outra vez as palavras passava-se outra vez a mesma coisa e regressavam a casa e continuavam a crescer e sempre em direcções e cresciam de tal modo que já não conseguiam fechar as portas e novos braços abriam as janelas e a cólera trepava pelas paredes e começavam a escavar o texto e ligadas ao andar de cima entrelaçavam à palavra do outro apartamento que também estava encolerizado e já chegava até ao telhado e subia pela antena da televisão e gritava encolerizado com as palavras dos outros prédios já subindo pelo céu acima e toda a cidade estava aos gritos e já não havia espaço para as palavras crescerem confundiam-se e as palavras estavam todas unidas irremediavelmente e gritavam todas ao mesmo tempo de modo que ao longe era um só grito enorme que mais longe se transformava num sussurro e de muito mais longe até não se ouvia nada.

Ana Hatherly, "351 Tisanas". Lisboa: Quimera, 1997.


sábado, 24 de abril de 2010

Dia-a-dia #74


No séc. XIX rodeada de séc. XVIII.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dia-a-dia #73

Veio aqui parar através do conterrâneo Luís Carvalho, obrigada pá - cliquem na imagem para lerem o que O'Neill pensava do medo in JL, 5 de Março, 1985.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dia-a-dia #72

É caso para dizer She's crasy for loving you!


domingo, 18 de abril de 2010

Dia-a-dia #71

Estava a sonhar que adicionava um novo amigo no facebook chamado "Leitor", e acordo com um enorme chinfrim de portas a baterem na cozinha - lá está a minha irmã a praticar karaté com os armários, pensei. Entretanto, oiço plim plof, um copo espatifou-se no chão e a gata Lua miau miau. Bem, vou levantar-me e tomar café, mas ainda é muito cedo para a visita de estudo - hoje vou ao Museu de Arte Antiga, visita guiada das Belas. A Lua continua, chego à cozinha e pergunto à minha minha irmã pelo copo, responde-me que foi um prato e a gata é que partiu - que entretanto se rebola no tapete e está de barriga para o ar feliz da vida. Chego ao café, finalmente, milagre. A minha irmã abala quinta a fundo. A Lua aproveita para desatar a correr no corredor. O café está quente, BOM DIA! Esquisito, não me consigo lembrar da imagem do suposto "Leitor".

sábado, 17 de abril de 2010

Leituras #22

“ O século XIX, alagado em ideias científicas e optimismo condicente, tentou envolver a discussão das diferenças de sexo num escrutínio científico, definitivo. Assim, os factos e as análises foram usados para contrabalançar a crescente reivindicação feminina, reforçando a ideia de hierarquia sexual assente nos dados da ciência. Partia-se de uma premissa simples: o tamanho e a configuração do cérebro influenciam nas capacidades cognitivas dos seus utentes, logo as mulheres – como de resto os povos primitivos – não tinham lugar para aquilo que fazia a grandeza do homem: o pensamento abstracto, a sua organização, a síntese dos dados configurados e a formulação dos juízos valorativos. O aspecto do cérebro feminino era objecto de delicada apreciação estética: «a sua estrutura é menos engelhada, as convulsões menos bonitas, menos amplas». ( Tomas Garb, "Gender and representation" in «Modernity and Modernism, french painting in the nineteenth century», Yale University Press, New Haven and london, 1993, p-280)
Era facto assente que a fisiologia interferia de forma decisiva na aprendizagem, e assim elas viam-se privadas de desenvolvimento a partir da puberdade e havia mesmo claros sintomas de regressão, anunciada com a chegada da menstruação e acentuada com as gravidezes. Toda a sua existência era absorvida pelas funções reprodutivas, mas talvez nem tudo estivesse perdido: tínhamos mais emoções e sensibilidade (leia-se descontrole), éramos mais primárias e miméticas, dependentes de estímulos externos (leia-se, mais próximas dos símios superiores), mas, suprema condescendência, possuíamos neles poder de observação e melhor percepção (pergunta-se para quê?)."
Maria João Lello Ortigão, «Aurélia de Sousa em contexto: a cultura artística no fim de século». Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2006. p-79

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Poema #57

Jaime Salazar Sampaio (1925-2010)


autor dos primeiros poemas com coordenada visual portugueses do séc.XX, publicados em "Poemas Propostos" (1954) e presentes na " Antologia da Poesia Concreta em Portugal" (org. Melo e Castro e José-Alberto Marques), Lisboa: Assírio & Alvim, 1973

Artes #20


Eram assim as aulas femininas de desenho modelo na Academia Julian no século XIX: nos países anglo-saxónicos as mulheres não podiam desenhar o nu, em Paris apenas anjos. A Aurélia de Sousa e a irmã frequentaram esta academia. A pintura data de 1881, da autoria de Marie Bashkirtseff, uma excêntrica aristocrata russa que frequentou a academia, morreu com tuberculose aos 24 anos, mas deixou o testemunho no seu diário, do que era ser mulher artista nesta época.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

sábado, 10 de abril de 2010

Artes #19


" A comunicação não me interessa. Não trabalho numa dimensão de comunicação. Não creio que a arte seja comunicação. A arte é magia, sempre foi. E o papel dos artistas é lançar sementes, não é fazer cartazes."
Rui Chafes, « O Silêncio de...». Lisboa: Assírio & Alvim, 2005. p-123




Rui Chafes, "Ne Dors Pas", 1999. Ferro, 380 x 260 x 180 cm

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dia-a-dia #69


"só está só, quem está mal acompanhado"

A. da Silva O.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Artes #18

"A ironia é uma forma de estar acima do lixo"
Jorge Vieira (1922-1998) in documentário realizado pelo Museu do Chiado em 1995.

No sitemeter #55

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Alguém chegou a esta casa no tempo procurando desenho que simboliza a cultura do individualismo decifrado em desenho e encontrou isto.