O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Poema #18

O GIGANTE DE OLHOS AZUIS

Ele era um gigante de olhos azuis
Amou uma mulher pequenina
Cujo sonho era uma casa pequenina
Que tivesse no jardim
madressilvas a brilhar.

O gigante amava como um gigante
As suas mãos feitas para os trabalhos pesados
Não poderiam erguer os muros ou puxar a sineta
Da casa que teria no jardim
madressilvas a brilhar.

Ele era um gigante de olhos azuis
Amou uma mulher pequenina
Que em breve se cansou dele, a bonequinha.
No caminho largo do seu gigante
Sentia muito a falta de comodidades
Adeus, disse então para os olhos azuis
E pegando no braço de um anão rico
Entrou na casa que tinha no jardim
madressilvas a brilhar.

O gigante sabe agora
Que os amores de gigante
Não podem ser enterrados
Na casa de madressilvas a brilhar.

Nâzim Hikmet (tradução de Rui Caeiro)


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