Para chegar a gostar de tudo
não queiras ter gosto em nada.
Para chegar a saber tudo
não queiras saber algo em nada.
Para chegar a possuir tudo,
não queiras possuir algo em nada.
Para chegar a ser tudo
não queiras ser algo em nada.
Para chegar ao que não gostas,
hás-de ir por onde não gostas.
Para chegar ao que não sabes,
hás-de ir por onde não sabes.
Para chegar a possuir o que não possuis,
hás-de ir por onde não possuis.
Para chegar ao que não és,
hás-de ir por onde não és.
Quando reparas em algo,
deixas de atirar-te ao todo.
Para chegar de todo a tudo,
hás-de afastar-te de todo em tudo.
E quando chegues de todo a ter,
hás-de tê-lo sem nada querer.
Quando já não o queria,
tenho tudo sem querer.
Quanto mais tê-lo quis,
com tanto menos me vejo.
Quanto mais buscá-lo quis,
com tanto menos me vejo.
Quanto menos o queria
tenho tudo sem querer.
Já por aqui não há caminho,
porque para o justo não há lei
para si ele é a lei.
S. João da Cruz - " Poesias completas" (tradução de José Bento). Lisboa: Assírio & Alvim, pp.89-91.
http://www.youtube.com/watch?v=oSGZaQG4ya0&feature=youtu.be
O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
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