O poeta sentado
observa
o seu umbigo
Vê como
é perfeito
O poeta retira
do umbigo
o cotão
que se acumula
O poeta forma
entre o polegar
e o indicador
uma bola
com o cotão
O poeta aprecia
a sua criação
considera-a única
perfeita
manuel a. domingos - "Teorias". Coimbra: Edição do autor, 2011.
O Manuel ofereceu-me este livro, estava eu a acordar na enfermaria em Coimbra, acabada de levar a "facada" no dia 5 de Dezermbro. Como é um pequeno livro com poemas depurados e muito condensados, foi a única coisa que consegui ler durante essa minha experiência de combate, talvez porque o tramal me deixava desconcentrada. Se bem me lembro, foi perigoso para a costura, porque não me podia rir, nem tossir ou espirrar. É um livro que vou voltar sempre a ler, não por estar associado a essa experiência, mas porque volta e meia, os poemas surgem na minha cabeça, talvez devido a estímulos das condições agreste no dia-a-dia. Agora já posso rir, tossir e espirrar à vontade.
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