O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
terça-feira, 30 de junho de 2009
Jardim #3
Diário gráfico #30
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Poema #12
Vivam, apenas
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes
Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.
Mas não queiram convencer os cardos
a transformar os espinhos
em rosas e canções.
E principalmente não pensem na Morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
que só são belos
quando se desenham na terra em flores.
Vivam, apenas.
A Morte é para os mortos!
José Gomes Ferreira
domingo, 28 de junho de 2009
Poema #11
Miss Helen Slingsby era a minha tia solteira
E morava numa casita à beira de uma praça elegante
Tratada por serviçais em número de quatro.
Ora, quando morreu, fez-se no céu um silêncio
E silêncio ao fundo da rua dela.
Correram as persianas, limpou os sapatos o cangalheiro –
Consciente de que tais coisas haviam já acontecido.
Na ração dada aos cães, foram generosos
Mas até o papagaio morreu em poucos dias.
Na prateleira do fogão, seguia o tiquetaque do relógio de Dresden,
E em cima da mesa de jantar sentava-se o lacaio
E apertava, nos joelhos, a criada de fora –
Sempre tão discreta, em vida da patroa.
T.S. Eliot (tradução de João Almeida Flor)
sábado, 27 de junho de 2009
Poema #10
A perfeição é terrível, não pode ter filhos.
Fria como a respiração da neve, pões um tampão no útero
Onde os teixos sopram como hidras,
A árvore da vida e a árvore da vida
A libertar as suas luas, mês após mês, sem nenhum objectivo.
O fluxo do sangue é o fluxo do amor,
O sacrifício absoluto.
Quer dizer: não há outro ídolo senão eu,
Eu e tu.
Assim, no seu sulfuroso encanto, nos seus sorrisos
Estes manequins dormitam esta noite
Em Munique, a morgue que fica entre Paris e Roma,
Nus e carecas nos seus casacos de peles,
Chupa-chupas de laranja em pauzinhos de prata
Intoleráveis, ocas cabeças.
A neve deixa cair os seus bocados de escuridão,
Não se vê ninguém. Nos hotéis
Mãos estarão a pôr sapatos
À porta dos quartos para que os engraxem com carbono
Neles hão-de amanhã entrar enormes pés.
Ó a domesticidade destas montras,
As rendas de bebé, as folhas verdes de açúcar,
Alemães toscos a passar pelo sono metidos nos seus stolz largos.
E telefones pretos no descanso
A brilhar
A brilhar e a digerir
Emudecidos. A neve não tem voz.
Sylvia Plath (tradução de Maria Fernanda Borges)
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Sagração da Primavera
Em plena Av. da Liberdade, um socrático que vive permanentemente em performance, celebra a estação do renascimento dançando em frente a um painel publicitário rotativo; e sempre que surge a imagem de uma modelo feminina em lingerie, ele ri e lança os braços no ar, acenando as mãos com dois caralhinhos nos dedos. Publicado na revista Minguante nº6 |
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Diário gráfico #29
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Textos insones #16
São 8.45m da manhã, chego a horas como gosto quando marcam algum trabalho pago comigo. Digo pago comigo e até parece mentira, mas não é, uma amiga telefonou-me para eu dar respiração e voz a uma personagem num filme de animação; trata-se de um filme de autor (não posso dizer o nome, ainda não estreou), ao telefone ela contou-me que animou a personagem, mas não a criou, deu-lhe gestos a pensar nos meus, interpretou-a assim e por isso só eu poderei ser o seu som; a personagem é uma mulher obesa, neurótica, está sozinha a deambular na casa, fuma cigarros, tenta telefonar para um gajo, mas ele desliga-lhe o telefone na cara; o gajo também é obeso e têm um cão obeso, coisa politicamente correcta na realidade. Bom, aquilo é ficção, a personagem zanga-se com o telefone, toma comprimidos e atira-se pela janela, enquanto o gajo assiste a todo o drama num café
Postado no Insónia a 23/6/2007, véspera do meu 38º aniversário, lembrei-me dele porque hoje faço 40 anos.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Uma casa no tempo #10
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Poema #9
CONTRA AS MULHERES
Esforça, meu coração,
não te mates, se quiseres:
lembra-te que são mulheres.
Lembre-te que é por nascer
nenhuma que não errasse;
lembre-te que seu prazer,
por bondade e merecer,
não vi quem dele gostasse.
Pois não te dês à paixão;
toma prazer, se puderes:
lembre-te que são mulheres.
Descansa, triste, descansa,
que seus males são vinganças.
Tuas lágrimas amansa,
deixa-as às suas esperanças;
que pois nascem sem razão
nunca por ela lhe esperes:
lembre-te que são mulheres.
Tuas mui grandes firmezas,
tuas grandes perdições,
suas desleais acções,
causaram tuas tristezas.
Pois não te mates em vão,
que quanto mais as quiseres
verás que são as mulheres.
Que te presta padecer?
que te aproveita chorar?
pois nunca outras hão-de ser,
nem são nunca de mudar.
Deixa-as com sua nação;
seu bem nunca lho esperes:
lembre-te que são mulheres.
Não te mates cruamente
por quem fez tão grande errada;
que quem de si se não sente
por ti não te dará nada.
Vive lançando pregão,
por onde fores e vieres,
que são mulheres, mulheres.
Espanha foi já perdida
por le-Tabla uma vez,
e a Tróia destruída
por males que Helena fez.
Desabafa, coração,
vive, não te desesperes;
que o que fez pecar Adão
foi a mãe destas mulheres.
domingo, 21 de junho de 2009
Diário gráfico #28
sábado, 20 de junho de 2009
Poema #8
A bengala, as moedas, o chaveiro,
a dócil fechadura, essas tardias
notas que não lerão meus poucos dias
que restam, o baralho e o tabuleiro,
um livro e dentro dele a esmagada
violeta, monumento de uma tarde
por certo inolvidável e olvidada,
o rubro espelho ocidental em que arde
uma ilusória aurora. Quantas coisas,
limas, umbrais, atlas, copos, cravos,
nos servem como tácitos escravos
cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além do nosso olvido
e nunca saberão que já nos fomos.
Jorge Luís Borges (tradução de Maria da Piedade M. Ferreira)
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Diário gráfico #28
Poema #7
Este quarto, como o conheço bem.
Agora alugam-se quer este quer o do lado
para escritórios comerciais. A casa toda tornou-se
escritórios de intermediários, e de comerciantes, e Sociedades.
Ah este quarto, não é nada estranho.
Perto da porta por aqui estava o sofá,
e diante dele um tapete turco;
ao pé a prateleira com duas jarras amarelas.
À direita; não, em frente, um armário com espelho.
Ao meio a sua mesa de escrever;
e três grandes cadeiras de vime.
Ao lado da janela estava a cama
onde nos amámos tantas vezes.
Estarão ainda os coitados nalgum lugar.
Ao lado da janela estava a cama;
o sol da tarde chegava-lhe até metade.
…De tarde quatro horas, tínhamo-nos separado
por uma semana só…Ai de mim,
aquela semana tornou-se para sempre.
Konstandinos Kavafis (tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis)
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Diário gráfico #27
Poema #6
Amigo Luar:
Estou fechado no quarto escuro
e tenho chorado muito.
Quando choro lá fora
ainda posso ver as lágrimas caírem na palma das
minhas mãos e brincar com elas ao orvalho
nas flores pela manhã.
Mas aqui é tudo por demais escuro
Lembro-me das noites em que me fazem deitar tão
cedo e te oiço bater, chamar e bater, na fresta
da minha janela.
Pelo muito que te tenho perdido enquanto durmo
vem agora,
no bico dos pés
para que eles te não sintam lá dentro,
brincar comigo aos presos no segredo
quando se abre a porta de ferro e a luz diz:
bons dias, amigo.
Carlos de Oliveira
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Jardim #2
Poema #5
Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham com fórmulas legais,
Unir as nossas mãos, eternamente,
As mãos sacerdotais.
Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.
Eu posso, se quiser, cheio de manha,
Sondar, quando vestida, pra dar fé,
A tua camisinha de bretanha,
Ornada de crochet.
Posso sentir-te em fogo, escandescida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de verão.
Eu posso, com valor que nada teme,
Contigo preparar lautos festins,
E ajudar-te a fazer o leite-creme,
E os mélicos pudins.
Eu tudo posso dar-te, tudo, tudo,
Dar-te a vida, o calor, dar-te cognac,
Hinos de amor, vestidos de veludo,
E botas de duraque
E até posso com ar de rei, que o sou!
Dar-te cautelas brancas, minha rola,
Da grande loteria que passou,
Da boa, da espanhola,
Já vês, pois, que podemos viver juntos,
Nos mesmos aposentos confortáveis,
Comer dos mesmos bolos e presuntos,
E rir dos miseráveis.
Nós podemos, nós dois, por nossa sina,
Quando o Sol é mais rúbido e escarlate,
Beber na mesma chávena da China,
O nosso chocolate.
E podemos até, noites amadas!
Dormir juntos dum modo galhofeiro,
Com as nossas cabeças repousadas,
No mesmo travesseiro.
Posso ser teu amigo até à morte,
Sumamente amigo! Mas por lei,
Ligar a minha sorte à tua sorte,
Eu nunca poderei!
Eu posso amar-te como o Dante amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, à igreja, isso não vou,
Lá essa é que eu não caio!
Cesário Verde
terça-feira, 16 de junho de 2009
Diário gráfico #26
Poema #4
Perguntaram-me um dia destes
ao telefone
por que não escrevia
poesia (ao menos um poema)
sobre os meus gatos;
mas quem se interessaria
pelos meus gatos,
cuja única evidencia
é serem meus (digamos assim)
e serem gatos
(coisa vasta, mas acontece
a todos os da sua espécie)?
Este poderia
(talvez) ser um tema
(talvez até um tema nobre),
Mas um tema não chega para um poema
nem sequer para um poema sobre;
porque é o poema o tema,
forma apenas.
Depois, os meus gatos
escapam demais à poesia
ou de menos, o que vai dar ao mesmo,
são muito longe
ou muito perto,
e o poema precisa de tempo certo
de onde possa, como o gato, dar o salto;
o poema que fizesse
faria deles gatos abstractos,
literários, gatos-palavras,
desprezível comércio de que não me orgulharia
(embora a eles tanto lhes desse).
Por fim, não existem «os meus gatos»
existem uns tantos gatos-gatos,
um gato, outro gato, outro gato,
que por um expediente singular
(que, aliás, também absolutamente lhes desinteressa)
me é dado nomear e adjectivar,
isto é, ocultar,
tendo assim uns gatos em minha casa
e outros na minha cabeça.
Ora só os da cabeça alcançaria
(se alcançasse) o duvidoso processo da poesia.
Fiquei-me por isso por uma prosa,
E mesmo assim excessivamente corrida e judiciosa.
Manuel António Pina
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Dia-a-dia #12
Conheci recentemente a poeta alemã Barbara Köhler, na apresentação do livro VERSschmuggel/ Contrabando de VERSOS no Goethe-Institut
fermata
Barbara Köhler (tradução de Ana Paula Tavares) in VERSschmuggel/ Contrabando de VERSOS, Wunderhorn/ Editora 34/Sextante Editora/Literaturwerkstatt Berlin, 2009
Poema #3
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n’alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Luís de Camões
domingo, 14 de junho de 2009
Poema #2
O que foi atado
na Terra
continua atado
no Céu
e o que foi desatado
na Terra
continua desatado
no Céu
(no Inferno
é ao contrário)
mas o que não chegou
a ser atado na Terra?
Penso em ti
meu marido
não vivemos
no mesmo século
nem na mesma cidade
nunca nos cruzámos
porque não pudemos
procurámo-nos
um ao outro
lavados em lágrimas
a ver os outros
namorarem-se
às três pancadas
eu li o Yoga para grávidas
e o Vou ter um bebé
eram ficção científica
que eu mais apreciava
não aceitei o bolo
em forma de coração
que os rapazes
dão às raparigas
no Tirol
até porque não mo deram
as nossas mãos
no escuro do cinema
e no escuro da noite
não eram para ser
partilhadas
imagino-te morto
cheio de sex-appeal
e eu viva
sem sex-appeal nenhum
um dia morro
como tu
a vida não era isto
nós sabíamos
no Céu há muitas moradas
(para nós um duplex certamente)
Adília Lopes
sábado, 13 de junho de 2009
Diário gráfico #25
Poema #1
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Diário gráfico #24
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Música veranil #1
terça-feira, 9 de junho de 2009
Azulando
I - Céu II - Gelo III - Rigor IV - Olhar V - Silêncio VI - Lua VII - Anjo Hoje lembrei-me destas micros que estão no nº2 da Miguante dedicada ao azul, mas retirei a palavra azul dos títulos porque já existia o azulando. |
Diário gráfico #23
segunda-feira, 8 de junho de 2009
No fio de Ariadne #4
Textos insones #15
Limpar o pó
Contrataram-me para um evento especial num museu – isto de viver de biscates tem que se lhe diga, pelo menos vai variando; e lá fui trajada a rigor – brincos antigos de esmalte e ouro (prenda da família), saia de bom tecido, sapatos clássicos, encharpe de seda . Deparei-me então com um director que nada tinha a ver com o meu contrato e vi logo que ele era do tipo que não gosta de mulheres – já os topo pelo cheiro à distância. O dito cujo não gostou do meu saco de tecido indiano – onde transportava o cofre do dinheiro para os pagamentos, entre outras responsabilidades do evento; e não sei porquê, ele decidiu mandar-me limpar o pó das cadeiras onde as pessoas se iam sentar, entregando-me um pano com ar de nojo; calmamente, eu limpei o pó com uma classe que ele desconhece e logo a seguir levou comigo: chegaram as funcionárias do museu que me tiraram o pano das mãos, dizendo que eu não tinha que fazer aquilo. E ele que estava de braços cruzados a arrotar postas de pescada sobre a melhor disposição do material teve de me aturar a colocar ordem nos assuntos em termos práticos e sempre ao contrário das suas ordens, perante a satisfação das funcionárias. Durante o evento fui apresentada oficialmente à criatura, afirmando logo que já nos conhecíamos e ainda aproveitei para o fazer estremecer, publicamente, mais um pouco e com subtileza, porque eu limpo o pó como bebo chá ou descasco cenouras, é tudo igual.
Postado no Insónia a 27/9/2007
domingo, 7 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
As cinco vésperas de Salvador
Hoje lembrei-me destas micros que estão no nº1 da Minguante dedicado ao Banal
Diário gráfico #22
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Dia-a-dia #11
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Diário gráfico #21
Leituras #16
O primeiro romance do meu amigo foi lançado ontem e é a história de um livro escrito por uma freira portuguesa e dos seus 333 exemplares impressos em Milão, do impacto que esses exemplares tiveram na vida dos seus leitores; o romance é assim composto por um conjunto de microficções em torno do destino de cada um destes 333 exemplares. Escolhi uma destas peculiares microficções para partilhar convosco, alguns leitores da casa no tempo ficarão surpreendidos:
“Maria Fernandez comprara o seu exemplar em Évora e decidira fazer uma escultura com as frases: um edifício de sentido onde por todas as frases das Cartas brilhassem, continuassem e se repetissem com o sol, bem como pelo olhar de quem as contemplasse. «O sentido é uma casa interior», dizia sempre. Os seus contemporâneos admiravam as suas ideias mas consideravam a sua arte muito estranha e perturbadora; Maria continuava, esculpindo o universo todo que existia no que ainda não tinha sido. Mas arruinou-se o livro quando um pouco de tinta dourada caiu sobre ele, e consciente dos processos que o universo usa com o homem, transformou o livro em uma das esculturas.”
In Pedro Sena-Lino, 333, Porto Editora, p-62
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Textos Insones #14
Ruínas
Os quintais da vizinhança, entre os quais está um pequeno pedaço que aparentemente me pertence, vivem o abandono total; a velha do rés-do-chão morreu e aquilo agora é uma verdadeira selva, a trepadeira invade-me a janela do atelier, por vezes tenho de cortá-la para não tapar a luz, para não interferir na luz necessária para pintar; há muito que prometi construir um jardim naquele pedaço, não o fiz, sei agora que nada me pertence e estou de passagem, mesmo quando circulo no mesmo sítio. Cada dia sinto mais que estou de partida, o que me prende é nada e a ideia de construir um jardim não passa de uma boa ideia. Estou triste, nem escrevo, resta-me alguma energia para pintar, procuro outros mundos onde possa habitar, porque o que se passa em meu redor está a perder o sentido. Não entendo quando comecei a sentir-me assim, talvez desde que a pintura me invadiu, ela está a interferir
Postado no Insónia a 25/9/2008, lembrei-me desta coisa deprimente porque o quintal vai ser limpo a partir de sexta-feira, finalmente, aquela selva vai desaparecer, não sei se consigo criar um jardim por lá, a ver vamos.