AS COISAS
A bengala, as moedas, o chaveiro,
a dócil fechadura, essas tardias
notas que não lerão meus poucos dias
que restam, o baralho e o tabuleiro,
um livro e dentro dele a esmagada
violeta, monumento de uma tarde
por certo inolvidável e olvidada,
o rubro espelho ocidental em que arde
uma ilusória aurora. Quantas coisas,
limas, umbrais, atlas, copos, cravos,
nos servem como tácitos escravos
cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além do nosso olvido
e nunca saberão que já nos fomos.
Jorge Luís Borges (tradução de Maria da Piedade M. Ferreira)
O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
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...poema da finitude
ResponderEliminaro que fica do imaterial de nossa alma?
talvez
@dis-cursos
O Borges prosador é bem mais lido e louvado do que o poeta (ao menos, no Brasil). E no entanto Borge foi excelente poeta! Fiz até um modesto post sobre o assunto.
ResponderEliminarAbraço!
Jugioli e Jainana, muito obrigada pela visita e comentário.
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