I - Céu
Nas Belas-artes, um Orgasmos Ferrari como os carros, mas devido ao arroz com a mesma marca no norte de Itália, disse-me que o céu de Lisboa é sempre azul, até de noite. Nunca tinha reparado nisso, mas também de noite todos os gatos são pardos. II - Gelo
No Canadá apercebi-me que o gelo é azul e queima, fartei-me de cair nas ruas de Halifax, quando ia a caminho da câmara escura; queria fazer fotogramas a preto e branco, mas os números colocados no ampliador estavam errados, então ficaram a azul e branco. III - Rigor
Ao meu lado trabalhava um fotógrafo de límpidos olhos azuis-claros; oriundo do norte da Nova Escócia, ele estava a revelar fotografias tiradas no ano anterior em Nova Iorque, onde passeou nas ruas como um cowboy, disparando com a máquina fotográfica junto ao bolso das calças. IV - Olhar
O fotógrafo canadiano tinha o olhar azul mais rigoroso que conheci; ele fez uma versão do livro Les Americande Robert Frank (conhecido fotógrafo americano residente na Nova Escócia) chamando-lhe The Americans: com o photoshop apagou todos os americanos das fotografias, resumindo-as a espaços vazios. V - Silêncio
Conheço um escultor americano que ensurdeceu, por isso os lábios e as mãos das suas esculturas cresceram. Ele confessou-me que Mozart ocupa um espaço especial no seu quase-silêncio, agora só ouve interiormente; e ensinou-me que nos gestos surdos-mudos, azul e céu fundem-se num só. VI - Lua
O azul é a cor dos rapazes, mas a lua tem os olhos azuis como qualquer siamesa de categoria. Em inglês, lua não tem sexo, é simplesmente the moon, ou seja, um anjo nocturno, azul e brilhante; mas isso são coisas do norte do planeta. VII - Anjo
Cruzei-me com um gato vadio e não reparei logo no seu azul nocturno. O mesmo aconteceu com o céu de Lisboa, mas também de noite todos os gatos são pardos.
Hoje lembrei-me destas micros que estão no nº2 da Miguante dedicada ao azul, mas retirei a palavra azul dos títulos porque já existia o azulando. |
Sem comentários:
Enviar um comentário