O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Uma casa no tempo #10

Pedras
 
A água corre na água dos meus pés caindo nas pedras; nas pedras da cidade circulo contigo na terra molhada; na terra molhada abrem-se as veias estreitas onde ouvimos a voz das pedras; a voz das pedras abraça as ruas em muralhas circulares; em muralhas circulares percorremos no escuro as calçadas onde a água corre na água; na água deambulamos rumo às ruas perdidas no tempo; no tempo as veias convergem para o umbigo no seu interior; no seu interior a cidade branca das muralhas vive a noite a chover; a chover nas calçadas ergueu-se uma casa com paredes no tempo; no tempo sinto o cheiro da terra que a água transformou em pedra no templo para onde convergem as ruas da cidade; da cidade digo tempo em forma de templo com o cheiro intenso da terra molhada; da terra molhada corre água que canta nas calçadas escuras; nas calçadas escuras corre o tempo que corre na água dos meus pés caindo nas pedras.
publicado na revista Umbigo nº23

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