O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

domingo, 8 de novembro de 2009

Poema #43

RUA DA ESTAÇÃO

Havia um terraço com plantas
onde fazia calor durante a noite.
Podiam ouvir-se os comboios
e a sirene rival da moagem, o trovão
era a voz de um deus contrariado
pela nossa inocência. Punham-se
as ameixas a secar ao sol,
penduravam-se uvas por cima
do escano. E no princípio do Outono
tiravam-se as colchas das arcas.
E chovia muito e cheirava a cânfora.

Rui Pires Cabral
Praças e Quintais
(Averno, 2003)

sugerido pelo moço

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