Agora nas Belas ou o regresso ao jardim de infância. Hoje assisti à primeira conferência e não vou escrever relatório. Perdi o início porque tinha de comprar um cinzento payne gray que me faltava aos meus artismos. O tema era três loiras peculiares no cinema: Hichcock, Oliveira e Almodóver. Janelas e loiras numa leitura pós-estruturalista e a minha cabeça não estava lá. Grace Kelly, Leonor Silveira e Pénelope Cruz, esta última deduzi que colocou uma peruca loira. Ouvi algo sobre a mulher objecto no cinema, que é exibida e olhada. E o homem é o sujeito, e que a mulher enquanto representação tem um complexo de castração, existe uma ferida, devido à ausência de pénis. Só sinto isso quando fico com vontade de fazer xixi na rua à noite, mas acho que é uma grande porcaria e aguento-me bem. Assim, estas loiras são uma ameaça. Ouvi que tinha a ver com grandes planos, fragmentação da representação do corpo, o seu impacto no sujeito. Pelos vistos, no homem enquanto sujeito, porque é apenas para o prazer do olhar masculino que estes filmes se dirigem. Ouvi ainda alguma coisa sobre sadismo - implica uma narrativa, deve ser por causa do tau-tau, para além de existir a culpa no objecto olhado-, fetichismo - não implica narrativa, é coisa de contemplação - e voyerismo - janelas e loiras, " Singularidades de uma Loira" (Eça de Queiroz/ Manoel de Oliveira) ou uma loira que caiu do pedestal porque andava no gamanço, a Grace Kelly na "Janela Indiscreta", uma loira muito activa e a Pénelope Cruz de peruca, mais o ecrã de televisão no filme de Almodóver, janela tecnológica. Conclusão, não percebi ou não estava nos meus dias ou não consigo reflectir sobre loiras no cinema, falta-me o pénis, tenho um complexo de castração.
O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
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