O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

domingo, 28 de junho de 2009

Poema #11

TIA HELEN

Miss Helen Slingsby era a minha tia solteira
E morava numa casita à beira de uma praça elegante
Tratada por serviçais em número de quatro.
Ora, quando morreu, fez-se no céu um silêncio
E silêncio ao fundo da rua dela.
Correram as persianas, limpou os sapatos o cangalheiro –
Consciente de que tais coisas haviam já acontecido.
Na ração dada aos cães, foram generosos
Mas até o papagaio morreu em poucos dias.
Na prateleira do fogão, seguia o tiquetaque do relógio de Dresden,
E em cima da mesa de jantar sentava-se o lacaio
E apertava, nos joelhos, a criada de fora –
Sempre tão discreta, em vida da patroa.

T.S. Eliot (tradução de João Almeida Flor)


2 comentários:

  1. Li este poema há anos, e jamais me esqueci dele. Reli-o agora em inglês, por causa do seu post - a tradução pareceu-me excelente!

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  2. Olá Janaina, obrigada pela visita. Este poema tirei-o do livro «Prufrock e outras observações» (tradução de João Almeida Flor) Assírio & Alvim, Lisboa 2005.
    bjs

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