Os amigos próximos
conhecem o meu acordar peculiar. De facto, nem sempre sou pacífica nesta coisa
de passar do mundo dos sonhos para a realidade. E lidar com estranhos nestas
situações pode ser perturbador. Isto a propósito ainda das cirurgias onde fui submetida
a anestesia geral. Por uma questão de discrição não vou referir os nomes dos
hospitais, nem os nomes das pessoas. A primeira vez foi num hospital privado no
Porto. Lembro-me de acordar na maca em movimento e o meu médico me estar a
dizer que tinham demorado um pouquinho mais porque tinham dado uns pontinhos na
minha hérnia do hiato, que estava em mau sítio. Depois recordo-me de acordar no
recobro e de lá estar uma enfermeira pouco simpática à qual me queixei de dores
e ela não me ligou. Passado um bocado insisti e perguntei que me tinham
colocado alguma coisa no soro e ela disse que sim. Passado um bocado comecei
mesmo a ficar aflita e vieram mais pessoas, fizeram-me uma massagem e adormeci.
Depois fui acordada por uma miúda amorosa, no quarto individual onde passei a
noite, que me convenceu a beber um chá. Durante a noite foi assim, ora fechava
os olhos e tinha a sensação que sonhava a alta velocidade, ora era acordada por
este anjo, ou por um enfermeiro, que era de Elvas, ambos amorosos, que me
convenciam a beber um sumo, um chá ou água. De manhã, uma enfermeira muito
simpática ajudou-me a tomar um banho de gato e tudo correu bem. Quando ela se
foi embora, aproveitei para fazer algo muito proibido: fumar um cigarro à
janela. Depois adormeci a pensar que mais um bocado, os meus pais estariam lá
para me irem buscar. Nisto fui acordada por aquele ser que tinha visto no
recobro, que entrou disparada no meu quarto a dizer que tinha de lá sair antes
do meio-dia, que devia decidir se queria lá ficar mais uma noite internada ou
não. Perguntei-lhe as horas, eram dez horas da manhã. Disse-lhe que estava à
espera dos meus pais para poder ir falar com o meu médico e referi qual era. O
ser saiu do quarto à mesma velocidade com que entrou. Eu com alguma dificuldade
levantei-me da cama e fui pelo desconhecido hospital procurar onde estaria o
meu médico. Alguém me encontrou num corredor e acalmou-me, referindo que o meu
médico já falaria comigo e levou-me para o quarto onde esperei pelos meus pais
e pela alta que me foi dada.
O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
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