O SAPATEIRO
Costumávamos jogar ali à bola.
A praça da igreja erguia-se
uns dois metros acima de umas pequenas hortas
que estavam ao lado de um sapateiro.
Quando a bola caía, algum dos nossos
tinha de ir rápido dependurar-se.
Se o sapateiro chegava lá antes,
cortava-a com o seu cutelo.
Não sei que pescoço cortava na bola
de borracha daquelas crianças. Dava-me medo.
Um medo que já não era o mesmo
que o dos contos ou do quarto escuro.
Era um medo mais duro. Mais real.
Como quando tu estavas com outro,
ou quando morreu a nossa filha.
Joan Margarit ( tradução de Rita Custódio e Àlex Tarradellas) in “ Casa da Misericórdia”, Ovni, 2009
O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
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Ai, que dor!
ResponderEliminareste autor dói
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