No verão de 1992 participei numa colectiva de pintura na Casa das Artes de Tavira: o Ivo que anteriormente tinha sido meu professor no Ar.Co lançou-me o desafio, também à Ana Luísa Ribeiro, Carla Mendes e ao Carlos Calado. Neste ano estava a fazer um conjunto de quadros com jogos de palavras e optei por realizar uma instalação com eles a que chamei Quebra-cabeças. Cada quadro era composto por um conjunto de módulos rectangulares, onde se encaixavam letras que se podiam ler no positivo e negativo, com cores diferentes, azuis e verdes; em cada conjunto destes módulos era possível encontrar e ler várias palavras, como Timor, amor, morte, mar, ar, ir. Nesta altura, ainda não conhecia bem os experimentalistas, nem estava muito a par do que se tinha feito em termos de poesia visual no passado, mas fui lá parar ao desenvolver um trabalho em termos práticos, fui lá parar por me interessar por jogos. Lembro-me que no Ar.Co a primeira pessoa que me falou sobre os experimentalistas portugueses foi o Carlos Augusto Ribeiro, que dava lá aulas de pintura, mas nunca foi meu professor; ele chamou-me a atenção para o trabalho da Ana Hatherly de que também já tinha visto uma exposição retrospectiva de desenho na Gulbenkian em 1991. Mais tarde, quando voltei às Belas-artes investiguei e aprofundei sobre esta área nas cadeiras teóricas. Quanto aos Quebra-cabeças que expus na Casa das Artes de Tavira, fiquei numa pequena sala à entrada do espaço e deparei-me com uma boa surpresa: os focos de iluminação tinham umas lentes que permitiam direccionar a luz e regulá-la, permitiram deixar o espaço onde coloquei os quadros maiores quase às escuras, com uma iluminação a enquadrá-los. Esta colectiva foi também uma boa experiência e vendi o meu primeiro quadro, um pequeno tríptico que estava na entrada.
O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
terça-feira, 5 de maio de 2009
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