Continuo de volta da preciosa Antologia da poesia feminina portuguesa que adquiri na melhor livraria do mundo; e prossigo com mais uma freira, Soror Madalena da Glória que segundo poeta António Salvado nasceu “…em 1972, professou em 1688 ou 1690 no Convento da Esperança, o mesmo convento onde alguns anos antes tinha professado também Maria do Céu. Sob o anagrama de Leonarda Gil da Gama, a que acrescentava «natural da Serra de Sintra» publicou vários livros de fundo religioso ou moral, os mais citados dos quais (e em título abreviado) são «Brados do Desengano», «Orbe Celeste» e «Reino da Babilónia» - e neles, dispersas, se encontram as poesias desta autora”. (p-56)
Mote e Glosa
Tenho amor, sem ter amores.
Este mal que não tem cura,
Este bem que me arrebata,
Este rigor que me mata,
Esta entendida loucura
É mal e bem que me apura;
Se equivocando os rigores
Da fortuna aos desfavores,
É remédio em caso tal
Dar por resposta ao meu mal:
Tenho amor, sem ter amores.
É fogo, é incêndio, é raio,
Este, que em penosa calma,
Sendo de meu peito alma,
De minha vida é desmaio:
E pois em mortal ensaio
Da dor padeço os rigores,
Pergunta em tristes clamores
A causa minha aflição;
respondeu o coração:
Tenho amor, sem ter amores.
Soror Madalena da Glória in António Salvado, Antologia da Poesia Feminina Portuguesa, Edições do Jornal do Fundão, 1973. (p-59)
Oh meu deus, também andas de volta das freiras?!..
ResponderEliminarMinha querida, obrigada pela visita. As freiras são mulheres muito interessantes, estou a encontrar algumas nesta antologia, mas vou com calma :)
ResponderEliminarbjs