O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Leituras #15

Continuo de volta da preciosa Antologia da poesia feminina portuguesa que adquiri na melhor livraria do mundo, e prossigo não com mais uma freira, mas sim com uma aristocrata, Catarina de Lancastre que segundo poeta António Salvado  foi “…viscondessa de Balsemão por seu marido, o político Luís Pinto de Sousa Coutinho, nasceu em Guimarães em 1749 e faleceu no Porto em 1824. Admiradora exaltada do Marquês de Pombal, ao célebre ministro consagrou algumas composições – atitude que não teria agradado demasiado à sua amiga e poetisa Marquesa de Alorna… Aliás, o seu apego às luzes da razão manteve-se sempre vivo ao longo da sua existência: a morte de Gomes Freire inspirou-lhe alguns sonetos e, já septuagenária, saudou com ardor a revolução liberal de 1820 » .( p-78) Segundo o autor , Catarina de Lancastre foi apelidada de «Safo portuguesa», devido ao amor ser o tema dominante das suas composições.

Safo

Safo ao mar se precipita
Por impulso da paixão,
Vinga em si o alheio crime
Da pérfida ingratidão.

Muitos anos respeitado
Foi o penedo fatal
Mas por força dum exemplo
Logo um mal causa outro mal.

Se fizerem assim todas,
Que se vêem desprezadas,
Foram de vítimas tristes
As brancas ondas coalhadas.

Sem ti que vale a firmeza,
Ó santa conformidade?
Tu a perdoar ensinas
Loucuras da humanidade.

Catarina de Lancastre in António Salvado, Antologia da Poesia Feminina Portuguesa, Edições do Jornal do Fundão, 1973. (p-84)

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