O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

domingo, 22 de março de 2009

Uma casa no tempo #2





























Porta
Estava escuro. Havia uma porta, entrei quando me deste a mão. A porta situava-se perto do ar de Sintra que conheço tão bem, é húmido, dúbio, sempre misterioso. Agarraste a minha mão em casa na tua porta aberta, finalmente. Porque a porta esteve sempre entreaberta e tinha medo de entrar. A tua mão era suave e firme, por isso entrei na porta onde esperava que terminasse aquele frio húmido de rachar do ar de Sintra, que tão bem conheço. Entrei, seguindo-te no corredor escuro em direcção à tua sala, onde estava a janela aberta para a natureza, que sempre amámos tanto. Da tua janela entrava o som da água que corre na água e continuámos às escuras na chuva da noite, mas na tua mão estava em casa e já não tinha frio.

Texto publicado em "Bicicletas para memórias e Invenções", Ed. criativação, Lisboa, Dezembro 2006 e postado no Insónia a 20/8/2005, a ilustração foi postada a 15/9/2006

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