A historiadora Shere Hite é internacionalmente conhecida pela sua investigação na área dos comportamentos psicosexuais e relações de géneros. Autora de diversas obras polémicas como The Hite Report on Female Sexuality (1976), The Hite Report on Men and Male Sexuality (1981), Women and Love - A Cultural Revolution in Progress (1987) ou The Hite Report on the Family - Growing up under Patriarchy (1994) de que estou a ler uma tradução em espanhol. Nos anos 90 a sua obra foi duramente criticada e acusada de falta de rigor científico no uso das estatísticas, por isso Hite deixou os Estados Unidos e foi morar na Europa, adoptando a nacionalidade alemã do seu marido, pianista clássico de profissão. Como podem verificar na fotografia, trata-se de uma mulher lindissima, nem todas as feministas são feias, lésbicas e detestam os homens, como algumas cabeças pensam. Sobre a autora: http://www.hite-research.com/
"Os rapazes recebem centenas de mensagens, sobretudo durante a puberdade, para que «não sejam como a sua mãe, não chorem, deixem para trás as raparigas e não estejam com as mulheres».
Parte das «provas masculinas» consistem em negar a mãe e ostentar o seu desdém e a separação dela. O rapaz pode gostar da sua mãe, mas não pode estar ligado a ela, ter relações sociais com ela ou parecesse-lhe. Se anuncia o seu modo de ser ou mostra que é diferente dela, prova que é verdadeiramente leal ao grupo masculino, o do pai.
Em consequência disto cria-se no rapaz uma espécie de saque emocional que já seria terrível por si, mas que mais adiante tende a piorar durante as suas relações com as mulheres, tal como documentam anos de investigação: a maior parte dos homens carregam sentimentos de «culpa», amor, aversão, desdém, atracção erótica, perda de atracção e confusão sobre se o amor e o sexo estão realmente interligados. Esta confusa combinação de sentimentos que raramente se compreende ou examina a fundo, tende a enevoar as reacções masculinas quando, em adultos, se apaixonam de uma mulher".
in Shere Hite, Informe Hite sobre la familia, Ed. Paidos, Barcelona y Buenos Aires, 1995, p-231 (tradução caseira)
Outro dia um amigo comentava que o desejo de todas as mulheres era serem violadas, eu perguntei-lhe se não era ao contrário, se não era uma fantasia masculina, violar mulheres. Talvez na adolescência lhe tenham incutido esta falsa ideia, durante os cruéis rituais de passagem onde teve de se afirmar como macho, ao integrar-se socialmente no grupo do género a que pertence. A separação física do rapaz da sua mãe, que tem início por volta dos cinco anos de idade, pode deixar feridas profundas. A violência no geral é algo que rejeito e tenho dificuldade em entender a violência física, apesar da Shere Hite me estar a esclarecer muitos fenómenos existentes nos seres humanos.
Parte das «provas masculinas» consistem em negar a mãe e ostentar o seu desdém e a separação dela. O rapaz pode gostar da sua mãe, mas não pode estar ligado a ela, ter relações sociais com ela ou parecesse-lhe. Se anuncia o seu modo de ser ou mostra que é diferente dela, prova que é verdadeiramente leal ao grupo masculino, o do pai.
Em consequência disto cria-se no rapaz uma espécie de saque emocional que já seria terrível por si, mas que mais adiante tende a piorar durante as suas relações com as mulheres, tal como documentam anos de investigação: a maior parte dos homens carregam sentimentos de «culpa», amor, aversão, desdém, atracção erótica, perda de atracção e confusão sobre se o amor e o sexo estão realmente interligados. Esta confusa combinação de sentimentos que raramente se compreende ou examina a fundo, tende a enevoar as reacções masculinas quando, em adultos, se apaixonam de uma mulher".
in Shere Hite, Informe Hite sobre la familia, Ed. Paidos, Barcelona y Buenos Aires, 1995, p-231 (tradução caseira)
Outro dia um amigo comentava que o desejo de todas as mulheres era serem violadas, eu perguntei-lhe se não era ao contrário, se não era uma fantasia masculina, violar mulheres. Talvez na adolescência lhe tenham incutido esta falsa ideia, durante os cruéis rituais de passagem onde teve de se afirmar como macho, ao integrar-se socialmente no grupo do género a que pertence. A separação física do rapaz da sua mãe, que tem início por volta dos cinco anos de idade, pode deixar feridas profundas. A violência no geral é algo que rejeito e tenho dificuldade em entender a violência física, apesar da Shere Hite me estar a esclarecer muitos fenómenos existentes nos seres humanos.
é por isso que é muito complicado generalizar...
ResponderEliminargeneralizações são para desconfiar, mas a Shere Hite vai encontrando aspectos que são comuns nas respostas aos inqueritos que efectua.
ResponderEliminarGostei do texto de Shere Hite e da tua reflexão sobre o assunto. Obrigada. Beijos.
ResponderEliminarOlá Graça, bem vinda por cá, apareça sempre.
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