O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poema #32

Li hoje um poema medido a pulso
dentro de mim. Sede pousada no labirinto
e, no centro, aquele conhecido verso
secreto que amanhece nas açoteias.
Disponível para o sexo e para as cousas d'alma.
Ah li-o, e era um bicho exasperado
por sair à caça
com o sol a dar-lhe no dorso alquímico dos sonhos.
Dum vigésimo andar pode partir-se
com botijas de oxigénio
ou de binóculos. Precário, insubmisso
ao Estado das coisas.
São outros, porém, os cravos
da moderna paixão:
casamentos, relógios de ponto,
habitação própria domesticam
o horizonte, e o horizonte
basta.

Paulo da Costa Domingos, in Campo de Tílias, publicado em sintonia com as Figurações, de Carlos Ferreiro, Frenesi, Janeiro de 1991, s/p.

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