É verão e vai à despensa dos versos
barrar o pão e a manteiga. De manhã
trafica punhais e à noite recalcifica
amoras. Nem sequer o riso,
a mais branca dentadura abstém.
O pó rebusca veias, desapontamentos,
desagua na gravata nas fontes do jornalista
ilumina as ranhuras onde o sexo
cabeceia, amodorrado. O pó ameaça
tornar romba a plaina que afiança
às palavras o rigor dos anos.
Familiar ao pó só o meu gato que
o lambe. E nenhum deles perdulário.
António Cabrita
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