O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?

sábado, 5 de maio de 2018

Dia-a-dia # 280

E voltei a sonhar com as caves das Belas-Arte. Desta vez ainda estava no terceiro ano de escultura. Tinha assistido às avaliações do quinto ano e para variar, era uma desgraça, o professor estava a tratar muito mal os alunos, dizia que ali nem se tinham feito esculturas, era tudo demasiado bidimensional, ninguém tinha cumprido o programa. Era a razia total. Estava a sentir-me desorientada, não sabia o que fazer. O meu projecto era realizar naturezas-mortas tridimensionais, tinha feito um pião dos antigos em madeira como aqueles que agora estão nos portas-chaves das salas, mas numa escala como deve de ser, e tinha preenchido as superficies com uma corda, estava a ficar com uma textura bonita. Os colegas avisam-me que o professor nos tinha deixado um poema para ilustrarmos, em formato digital. Fomos ver o que era em conjunto, não era nenhum poema, era um filme com um interior de uma casa, onde os espaços estavam sobrepostos. Ao ver aquilo achei que se tratava de um enigma, e que aqueles espaços se poderiam relacionar através da geometria. Não queria voltar a fazer nada que fosse geométrico, mas o horror era existir um programa para cumprir e não o conseguiamos descodificar. E se colocassemos alguma questão eramos insultados, tal como já tinhamos visto na sala do quinto ano. Acordei a pensar que não me livro das caves da escultura, mesmo depois de terminado o doutoramento. E a geometria, o que andaria ali a fazer?

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