Na praia estou tão zen ao sol e nem ligo: a pessoal que põe música em alto no telemóvel; ou a quem abre a boca só para dizer palavrões; quem usa esse tipo de vocabulário e joga à bola; os grupos de grunhos aos pulos com uma bola à beira-mar; o jogo das raquetes; as bolas que atinguem criancinhas; adolescentes com as hormonas aos pulos que riem e dão gritinhos; fedelhos que entram na água a correr e a chapinhar; adultos que fazem o mesmo e alegremente atiram água uns aos outros; não ligo a quem comenta a temperatura da água comigo e acha estranho não responder; pessoal que não sabe o que é um caixote do lixo apesar de haver vários na zona; que mandam beatas para a areia; não ligo às ratazanas debaixo do chapéu de sol com chapéus de pala entretidas a afiar a língua com a vida dos outros; ou outras ratazanas; camarões e lagostas de importação; as bolas das raquetes; as bolas que atigem qualquer um que passa; a avó aguda que chama o neto na água com o vocabulário apropriado; ratazanas a rosnarem; famílias inteiras aos gritos cujo o pacote inclui os guinchinhos dos mais pequenos; criancinhas que gritam como se as tivessem a matar, mas afinal não aconteceu nada.
Na praia fiquei tão zen ao sol que adormeci, mas não me lembro do que sonhei.
Na praia fiquei tão zen ao sol que adormeci, mas não me lembro do que sonhei.
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