O que procuro em ti, eco ou planície, que não me respondes? Porque devolves apenas a minha voz?
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Dia-a-dia #197
A gata Lua andava aos espirros há dois ou três dias. Quando cheguei ao hospital veterinário encontravam-se na sala de espera, três gatos a soferem do mesmo, com os respectivos donos, não reparei se os últimos também espirravam. Deve ser da onda de frio, a Lua arranjou uma inflamação respiratória. Entretanto, desde que voltou do veterenário optou em viver debaixo de um edredon amarelo, no cadeirão da sala. É uma casinha bem quente e confortável, que esperta. Infelizmente, não posso mudar-me para lá, mas por enquanto, não ando aos espirros.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Dia-a-dia #196
Hoje ia ficando pendurada no Jardim da Parada, mas afinal fiquei só à espera de um despassarado cerca de 35m. Mas no chapéu-de-sol do quiosque-esplanada estavam pendurados dois aquecedores eléctricos, por isso o despassarado não levou um tiro.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
sábado, 23 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Dia-a-dia #195
A gata Lua corre de alegria pela casa quando um amigo que ela simpatiza me visita. E não tem de necessariamente ser à hora da caça, ou seja, ao fim da tarde. Quando lhe arranjo uma nova caixa de cartão e a deixo na sala, vai lá para dentro, arranha-a, fica lá enquadrada durante horas, sabe se lá porquê e quando sai, até desenha um arco de felicidade no ar. Também gosta de beber água do meu copo, quando me distraio dou com ela toda contente em cima da secretária a lamber-se. Observo-a e também me sinto bem, porque me mostra que se pode ser feliz com muito pouco.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Poema #118
ARTE POÉTICA I
apontadas para a voz do tempo
as paredes da memória
alimentam-se
das sementes da terra
tão detalhada e rigorosamente
como o movimento das pálpebras;
os ossos da voz rasgam o silêncio das palavras
e é no relevo do tacto
que olham e que dizem
como os destinos da vida
se abrigam sob o gesto da morte
numa terra solar
onde as sombras
têm a veemência da luz.
R. Lino - " Baixo-Relevo". Lajes do Pico: Companhia das Ilhas, 2013. p-31
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
domingo, 10 de novembro de 2013
terça-feira, 5 de novembro de 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
sábado, 26 de outubro de 2013
Dia-a-dia #194
Sintra:
outra vez cedo em Agosto, não se vê o outro lado da rua; uma sombra térmica
interior; dezassete graus de Oceano Atlântico nos pés. O tempo esculpiu as
rochas na Adraga, o mar bravo e a brisa corre-me nas veias. Sintra: não existe
um dia igual a outro dia, o presente ocupa o espaço ou o espaço pára o presente.
A presença do tempo, o microclima coloca-nos em causa e em pleno Verão o
pôr-do-sol pede. A humidade, o vento gelado à beira-mar e o pôr-do-sol pede um
casaco. Um abraço. Sintra: crepuscular, o pôr-do-sol pede as palavras no
regresso a casa com estrelas. A neblina cobre o céu nas horas de sono e as
palavras sonham em casa. Sintra: fiquei à espera no nevoeiro, as folhas caíram
e amontoaram-se no chão; as palavras espalharam-se com o vento; pouco importa
se perdi palavras, sei que elas vão e vêm como mar que me corre nas veias.
Agora já não sonho acordada. Sintra: terminou o tempo lírico.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
terça-feira, 15 de outubro de 2013
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
sábado, 21 de setembro de 2013
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Poema #117
APRENDIMENTOS
O filósofo Kierkegaard me ensinou que cultura é
o caminho que o homem percorre para se conhecer.
Sócrates fez o seu caminho de cultura e ao fim
falou que só sabia que não sabia de nada. Não tinha
as certezas científicas. Mas que aprendera coisas
di-menor com a natureza. Aprendeu que as folhas
das árvores servem para nos ensinar a cair sem
alardes. Disse que fosse ele caracol vegetado
sobre pedras, ele iria gostar. Iria certamente
aprender o idioma que as rãs falam com as águas
e ia conversar com as rãs. E gostasse mais de
ensinar que a exuberância maior está nos insetos
do que nas paisagens. Seu rosto tinha um lado de
ave. Por isso ele podia conhecer todos os pássaros
do mundo pelo coração de seus cantos. Estudara
nos livros demais. Porém aprendia melhor no ver,
no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar. Chegou
por vezes de alcançar o sotaque das origens.
Se admirava de como um grilo sozinho, um só pequeno
grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite!
Eu vivi antigamente com Sócrates, Platão, Aristóteles –
esse pessoal. Eles falavam nas aulas: Quem se
aproxima das origens se renova. Píndaro falava pra
mim que usava todos os fósseis linguísticos que
achava para renovar sua poesia. Os mestres pregavam
que o fascínio poético vem das raízes da fala.
Sócrates falava que as expressões mais eróticas
são donzelas. E que a Beleza se explica melhor
por não haver razão nenhuma nela. O que mais eu sei
sobre Sócrates é que ele viveu uma ascese de mosca.
Manuel de
Barros
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Poema #116
OBJECT TROUVÉ
Em casa de meus Pais havia
grandes chávenas de loiça para fazer chichi.
No Museu de Arte Moderna em Nova Iorque há
uma chávena de pêlo mas não vi
nenhum penico. Para Duchamp fico
na secção de Design a esperar vê-lo.
Salette Tavares (1922-1994) - "Lexicon". Lisboa: Moraes Editores, 1971
Em casa de meus Pais havia
grandes chávenas de loiça para fazer chichi.
No Museu de Arte Moderna em Nova Iorque há
uma chávena de pêlo mas não vi
nenhum penico. Para Duchamp fico
na secção de Design a esperar vê-lo.
Salette Tavares (1922-1994) - "Lexicon". Lisboa: Moraes Editores, 1971
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 10 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Poema #115
SUBMÚLTIPLOS
Na escala convencional
Me vou microdividindo
Na velha base decimal.
Eis-me micro-eu
Nano-eu e pico-eu
Fento-eu e atto-eu…
Depois… acabou-se a convenção
Os eus mais pequenos
Já não têm nome…
Vou ver se lhes arranjo um pro-nome
Pois sim! Serão:
Nileus
Embora apercebíveis
E, sempre, até mais ver,
Sempre divisíveis.
Se nileus não é pronome
É lá com os gramáticos.
Mas, meus Senhores!
Sejamos práticos!!
José Blanc de Portugal - Descompasso. Lisboa: Moraes Editores, 1986
Na escala convencional
Me vou microdividindo
Na velha base decimal.
Eis-me micro-eu
Nano-eu e pico-eu
Fento-eu e atto-eu…
Depois… acabou-se a convenção
Os eus mais pequenos
Já não têm nome…
Vou ver se lhes arranjo um pro-nome
Pois sim! Serão:
Nileus
Embora apercebíveis
E, sempre, até mais ver,
Sempre divisíveis.
Se nileus não é pronome
É lá com os gramáticos.
Mas, meus Senhores!
Sejamos práticos!!
José Blanc de Portugal - Descompasso. Lisboa: Moraes Editores, 1986
terça-feira, 4 de junho de 2013
Poema #114
HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Dia-a-dia #190
Já está on-line a revista "A Sul de Nenhum Norte #10", onde colaborei, podem consultar aqui:
https://www.sugarsync.com/pf/D0137171_062_683330038
https://www.sugarsync.com/pf/D0137171_062_683330038
sábado, 25 de maio de 2013
Dia-a-dia #189
E depois de uma semana onde estive tão concentrada que me esqueci dos óculos em casa, da chaves de casa na biblioteca, não sei onde param vários livros, mas devem estar aqui perto em casa algures, perdi o cartão do metro, hoje marquei mal três vêzes o código do MB e a máquina comeu-o; quer dizer, eu achava que o número estava correcto, mas já não tenho a certeza de nada
sexta-feira, 24 de maio de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Dia-a-dia #187
Hoje quando cheguei à biblioteca reparei que me esqueci dos óculos: os de sol não, ainda os tinha na cabeça, os de ver. Como era cedo e o Nuno estava sentado ao meu lado, resolvi deixar o computador e a mala e voltar a casa para os ir buscar. Foi um passeio agradável, mas quando cheguei à porta de casa, reparei que no bolso das calças estava a carteira, mas não tinha as chaves. Voltei para a biblioteca e o Nuno a gozar só dizia: isso é poesia invisual. Não vou tão longe, mas as coisas estão desfocadas.
Ilustração #38
........................................................................
Eis o país
de há dois mil e duzentos anos
que não sei se agoniza,
os pequenos países hoje são
paisagens na Web
isentas de sinais,
mas sinto a predação,
ameaça tocada pelo vento sul
que traz a chuva e as más novas
e alaga o susto,
muito depois de Galba ter passado
na serra ali defronte.
........................................................................
Nuno Dempster - "Uma Paisagem na Web". Lisboa: &etc, 2013
Ainda não tenho o livro nas minhas mãos para o qual tive o previlégio de contribuir com a imagem da capa. Em breve estará nas livrarias.
domingo, 19 de maio de 2013
Leituras #33
“Por estas e por outras, dizia
Juromanha que o poeta (Luís de Camões) devia ser excessivamente guloso de
galinhas; e «que de uma vez alguns fidalgos com quem tinha amizade, para
despertaram a sua musa jocosa, lhe faziam promessa, em troco de versos, de
algumas aves desta espécie, fingindo faltar-lhe às vezes com o prometido para
lhe arrancar ditos espirituosos e chistosos».“ José Quitério - «Camões e a
mesa» in Histórias e Curiosidades
Gastronómicas. Lisboa: Assírio & Alvim, 1992.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Poema #113
Com a Inês Ramos no Edita Nómada (11-05-2013) a ler poemas do Rui Costa, aqui fica o que li
A MÚSICA
A música partilha com a flor
a carne que se alaga como um copo.
A música é um rizoma atómico
cheia de sílabas grossas e finas
no peito maduro da onda.
Por isso a onda cai e a flor
também. E se te digo sei que ficas
triste e é quando substituis essa
geração de força por dois pequenos
vasos à entrada do teu dorso (e qual
és tu e qual sou eu é uma haste subindo)
Do teu lado esquerdo é dia.
O vestido é branco e aponta
a cidade a que chegas com os
dedos, rodando os ombros mas
não a cabeça. O teu olhar
é uma ferida musical sem verbo fixo:
a penumbra bate às vezes na
pálpebra, outras na imaginação.
A queda gera o seu próprio
impulso, como se fosse o preen-
chimento de uma forma: chama-se amor
e serve para os ouvintes ouvirem o esbracejar
do desejo, esses versos de asa silenciosa-
ouves?
Há poetas azuis que julgam que a
coerência é um pardal azul (da goela
até aos pés). Normalmente limpam os óculos
com coerência, em vez de com (efim)
e depois veêm o mesmo pardal, a todas
as horas do dia e da noite, sentado azul-
mente sobre o seu nariz.
Rui Costa - "O pequeno-almoço de Carla Bruni". Huelva: Ayuntamiento Punta Umbría, Colección Palavra Ibérica, 2008.
domingo, 12 de maio de 2013
Dia-a-dia #186
Sonhei que a água corria desenfrida nas calçadas da cidade branca das muralhas e que a origem estava num ribeiro no tôpo da rua D. Isabel. A água descia furiosa rua abaixo e continuava a correr em direcção ao aqueduto, passando pela casa de uma amiga de infância, onde no passado muitas vezes a visitei. Quando acordei consegui ver os flashes da água a correr, eram imagens extraordinárias e foram muitas as associações que lhes fiz. Na realidade, não existe nenhum ribeiro no tôpo da rua D. Isabel, mas ver as arcadas da rua com a furia das águas foi qualquer coisa. Lembrei-me depois que a minha amiga me contou que a casa do aqueduto vai entrar em obras, porque o irmão vai para lá viver. Vou-lhe telefonar.
sábado, 11 de maio de 2013
Poema #112
o mundo vive sem dares por isso
podes ter os dedos dentro do prato da sopa
ou a camisa rota
sem ser de propósito
quando as coisas que te rodeiam
estiverem sujas não pares para as limpar
mas pára
quando alguém te pedir ajuda
ou quando tu próprio quiseres
dizer que tal como tu
os outros também vivem no mesmo mundo
deixa que os outros também te abram a porta
m.parissy - "pólen". Nazaré: volta d'mar, 2011.
podes ter os dedos dentro do prato da sopa
ou a camisa rota
sem ser de propósito
quando as coisas que te rodeiam
estiverem sujas não pares para as limpar
mas pára
quando alguém te pedir ajuda
ou quando tu próprio quiseres
dizer que tal como tu
os outros também vivem no mesmo mundo
deixa que os outros também te abram a porta
m.parissy - "pólen". Nazaré: volta d'mar, 2011.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Leituras #32
Pedro Barbosa - "O Guardador de Retretes" (4ª edição muito revista, pouco aumentada). Porto: Edições Afrontamento, 2007.
Poema #110
INTERROGAÇÃO
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do «Cântico dos cânticos».
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Camilo Pessanha
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do «Cântico dos cânticos».
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Camilo Pessanha
terça-feira, 30 de abril de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
sábado, 27 de abril de 2013
Subscrever:
Mensagens (Atom)